quarta-feira, abril 23, 2014

Hoje o nome é seu




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Olha pra mim
Deixa eu te mostrar que sim
Que você pode confiar em mim

Conte-me os seus segredos
E guardarei com zelo
Pode se abrir, tenho prazer em fazer parte
Da tua arte

Vem cá, cola em mim
Partilha tudo que estiver a fim
Não precisa ser obrigação, não
Vem comigo por tesão

Cê sabe, eu sempre te escuto
Quero curtir com você no escuro
No escuro dessa distância
Que a gente clareia com a dança

A dança do estar, do querer, do apreciar
Um novo chão, um novo tempo
Comece comigo, te mostrarei que tenho jeito

Palmeio palavras, leio e procuro
Meu interesse vai te interessar
Um sorriso, um olhar, posso te arrancar

Queira estar comigo
Me deixa ser teu abrigo
Fica com medo não, sempre é tempo

O que quero lhe dizer é:
Minha agenda tá arrumada
Estou aqui

Os dias estão sendo meus amigos
A palavra um professor
À procura de tudo isso estou

Entrelaça os dedos nos meus
Entrelaça os dias também
Entrelaça em mim
O que quiser, diz que sim

Te adicionei nos meus favoritos
A lista tem 1 pessoa
É você quem me traz conversa boa

O dia é cansativo, eu sei
Forçar a entender isso eu nunca precisei

Coração apertado, saudade entalada
Chega perto, desamarra

Amor, pedindo não estou
Cabe a mim caber em você
Não sei se aumentei ou diminui
Mas o tamanho do meu amor é o mesmo e maior

Ré, dó

Olhe ao redor

Hoje a chuva caiu, amanhã vai ter sol
Me mostrando que devo acordar mais cedo
Abrir os olhos e despertar
Vou me desapertar

Não parar, não parar
A gente chega lá... Pode confiar.

xxx

segunda-feira, abril 21, 2014

Meu âmago




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Os monges no Templo Shaolin, os deuses no Olimpo, a Guernica de Picasso no Reina Sofia, Mona Lisa no Louvre, as prostitutas em bordéis, arcaicamente cabarés.  E você... por tantos lados. Tantos lados definidos, em tão grau decretado. Em meus olhos, no tecido abaixo de meu seio não destro, nas linhas da minha mão, nos quadrados da rede de proteção, nas luzes dos postes, na força da chuva quando cai, você é a onda que ela provoca no fim da rua. 

Quando meus olhos estavam fechados, dormindo, entregues ao sono literal, eu não percebia que devia seguir aos monges, e somente clamava aos habitantes do Olimpo. Você me mostrou Guernica, contou aquela história de puerícia que não esqueço mais, me deixou viajar até Mona Lisa pelo guia de viagens que recebi junto ao teu carinho naquela tarde de horas contadas, que um dia hão de acabar, sendo comutadas por horas acrescentadas.

Quanto sofrimento há nos bordeis? A gente para pra pensar nos destinos displicentes que moram ali? Não tiveram ninguém por eles, não foram interlocutores de conselhos, de tentativas de compreensão, não tiveram o amor, ou o afastaram e logo não houve mais tempo para consertar. As cidades estão repletas de prostíbulos com almas arrependidas... mas por que essa comparação? O que tem partilhado entre eles e eu? Visualmente nada, nem muito logicamente também.

Um tacanho exemplo daqueles que aparecem na cabeça quando você se depara com a sorte que tem. Com a oportunidade que a vida te deu, com os planos, com aquela força maior que te acompanha. 

As coisas sempre estiveram ali, narrativas eu sempre ouvia, compreensão eu sempre tinha, tudo aquilo do que eu precisava, mais do que eu pedia.
Sempre sou pega de surpresa por você... tenho em mim uma orbe de luz que quer te conquistar. Estar, fazer, referir... interessar-te-ás.

Minha pupila dilata a cada palavra. Meus pelos arrepiam-se quando prova-me, quando prova-me com as palavras. Desata uma fenda no meridiano da barriga quando egoistamente escorrego, dando lugar a um vento forte e frio que não é bem-vindo a passar ou visitar.

Pinturas na pele. Meu nome marcado, meu beijo... as linhas, as medidas, o encaixe perfeito. Coisas que me fazem feliz, causadas por ela. All my loving.

Abrindo os olhos verdadeiramente, para acompanhar meu coração.

Tanto tempo, mas ainda há mais, há uma vida, mas principalmente há o agora.

Um espaço, uma deixa, um lugar. Tempo, meu mal, tempo, meu azo.

As palavras aqui não completas, um bocado final, cá não se encontram... penetradas em meu âmago estão. 

Firme, disposto, heis-me aqui, falou o arbítrio.  

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