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Os monges no Templo Shaolin, os deuses no Olimpo, a Guernica de
Picasso no Reina Sofia, Mona Lisa
no Louvre, as prostitutas em bordéis, arcaicamente cabarés. E você... por tantos lados. Tantos
lados definidos, em tão grau decretado. Em meus olhos, no tecido abaixo de meu
seio não destro, nas linhas da minha mão, nos quadrados da rede de proteção,
nas luzes dos postes, na força da chuva quando cai, você é a onda que ela
provoca no fim da rua.
Quando meus olhos estavam fechados, dormindo, entregues ao sono
literal, eu não percebia que devia seguir aos monges, e somente clamava aos
habitantes do Olimpo. Você me mostrou Guernica, contou aquela história de
puerícia que não esqueço mais, me deixou viajar até Mona Lisa pelo guia de
viagens que recebi junto ao teu carinho naquela tarde de horas contadas, que um
dia hão de acabar, sendo comutadas por horas acrescentadas.
Quanto sofrimento há nos bordeis? A gente para pra pensar nos
destinos displicentes que moram ali? Não tiveram ninguém por eles, não foram
interlocutores de conselhos, de tentativas de compreensão, não tiveram o amor,
ou o afastaram e logo não houve mais tempo para consertar. As cidades estão
repletas de prostíbulos com almas arrependidas... mas por que essa comparação?
O que tem partilhado entre eles e eu? Visualmente nada, nem muito logicamente
também.
Um tacanho exemplo daqueles que aparecem na cabeça quando você
se depara com a sorte que tem. Com a oportunidade que a vida te deu, com os
planos, com aquela força maior que te acompanha.
As coisas sempre estiveram ali, narrativas eu sempre ouvia,
compreensão eu sempre tinha, tudo aquilo do que eu precisava, mais do que eu
pedia.
Sempre sou pega de surpresa por você... tenho em mim uma orbe de
luz que quer te conquistar. Estar, fazer, referir... interessar-te-ás.
Minha pupila dilata a cada palavra. Meus pelos arrepiam-se
quando prova-me, quando prova-me com as palavras. Desata uma fenda no meridiano
da barriga quando egoistamente escorrego, dando lugar a um vento forte e frio
que não é bem-vindo a passar ou visitar.
Pinturas na pele. Meu nome marcado, meu beijo... as linhas, as
medidas, o encaixe perfeito. Coisas que me fazem feliz, causadas por ela. All
my loving.
Abrindo os olhos verdadeiramente, para acompanhar meu coração.
Tanto tempo, mas ainda há mais, há uma vida, mas principalmente
há o agora.
Um espaço, uma deixa, um lugar. Tempo, meu mal, tempo, meu azo.
As palavras aqui não completas, um bocado final, cá não se
encontram... penetradas em meu âmago estão.
Firme, disposto, heis-me aqui, falou o arbítrio.
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