quinta-feira, novembro 17, 2016

Apesar dos pesares


Discriminação, segregação...
É a vida passando,
e quem dera se com ela passasse também
a alienação.

Ideias tortas, uma punhalada no coração
de quem é livre e tem a coragem de ser quem é.
Pode até cair,
mas amanhã vai tá de pé.

Falou em preconceito, avistei um sujeito
que procura “defeito”...
É a vida correndo sem respeito.
Tentativa de prescrição, predeterminação... Chega disso, irmão.

E racismo? Pra você é vitimismo? Fala sério, cê perdeu o juízo?
Os mano e as mina da favela não concordam com isso.
Nem com o teu pensamento meritocrata,
só quem sabe é quem tem que fazer os corre pra conseguir as prata.

Pra comprar o feijão,
o leite do irmão.
Mas cê não sabe...
Porque a tua compra do mês a tua mãe já pagou com o talão.

É sociedade,
tá difícil resistir.
Mas vamo seguindo na luta
porque a gente sabe pra onde quer ir.

E teu queixo vai cair, quando o negro do gueto ingressar
na Universidade e se formar.

Tua língua cê vai ter que morder, quando as mulheres cês veram crescer, e não retroceder.

Quando os homossexuais cês verem adotar, e perceber que qualquer um pode amar.

Sem amarras, sem repressão.
Sem teu olhar de julgamento causando opressão.

A raiz do meu Brasil foi acorrentada,
e em 60 torturada.
Mas hoje, apesar dos pesares... Posso estar aqui,
me expressando, formando pares.

E você? Vai só olhar? Ou também vai escolher não se calar?

Por que uma biblioteca?

Instituições de ensino, salas e mais salas,
cadeiras atrás de cadeiras, só vejo cabeças enfileiradas.
O que haveria de ser minha libertação,
ano após ano vem me trancando numa prisão.

Olho meu professor, carrega com ele o amor,
que tenta me passar através de suas palavras com tanto ardor.
Mas de que vale o educador,
se ele mesmo é explorado pelo sistema de ensino opressor?

Me ensinaram que a Europa é essencial,
disseram que a América é fundamental.
Passaram horas e horas tentando me convencer,
de que na história só é importante aquele que sabe vencer.

Em fotografias e pinturas projetaram pessoas
e exaltaram a pátria na qual elas residem.
Mas esqueceram de me contar que os indígenas de meu país
ainda existem, vivem e resistem (como podem).

Porém, quando olhei meus pulsos e vi a algema,
lembrei: a minha mente ainda é livre e plena.

Procurei um lugar para me servir de refúgio,
não foi o colo de meus pais.
Foram palavras de estranhos,
um tom absoluto.

Chegaram até mim,
como pequenas letras impressas.
E me perguntei:
por que uma biblioteca?

Aleatório? Fora de contexto?
Fuga do tema? Qual é o problema?
A tinta que à frente de meus olhos estava me despertou.
Escutei: Hey, menina, espera aí, ôu!

Já não aceitava mais aquilo que me diziam,
descobri que o conceito da palavra verdade não era aquilo que me cuspiam.
Hoje, agradeço ao professor, que de tanto me cobrar me libertou.
Não com a ordem, mas com o que ela provocou.

Estude! Leia! Prova! Atividade! Dormir mais tarde!

E meu coração: Calma, olha a alma.
Foca, mas não se sufoca.
Leia, mas não porque mandaram.
Leia, porque as ideias te enlaçaram.



quarta-feira, maio 18, 2016

Devaneio

Tão fútil que mata e a dor desata.

Tão irônico que bufa e a pele enferruja.

Tão desconsertante que salto e congelo no alto.

Tão infectante que desencanta e o coração arranca.

Tão permanente que não foge mas pega no bote.

Tão mentiroso que nem sente a solidão latente.

Tão surreal que ignora a essência da hora.

Tão revoltante que escondo e abafo o estrondo.

Tão desanimador que não olho mas não ignoro.

Tão produto do meio que escrevo esse devaneio.

Surpresas não tenho.



quinta-feira, março 31, 2016

Observei assim

Aquilo que não conhecemos por completo, sempre vai ser mais agradável.
Aquilo que só está próximo de nós nos momentos de prazer, sempre vai ser mais interessante.
Aquilo que só mostra a parte que convém, sempre vai ser mais bonito.
Aquilo que só exala o que queremos sentir, sempre vai ser mais legal...

Porém...

Aquilo que não conhecemos por completo, nunca vai ser real.
Aquilo que só está próximo de nós nos momentos de prazer, nunca vai segurar nossa mão.
Aquilo que só mostra a parte que convém, nunca vai entender a sua parte quando ela não convier.
Aquilo que só exala o que queremos sentir, nunca vai fazer o que for preciso...

Às vezes, aquilo que parece te fazer mal, só está mexendo com o que não está certo dentro de você. Por isso o desconforto.
Enquanto aquilo que aparentemente te faz bem, só está massageando seu ego.

Apenas parecer desejável e luminoso, está muito longe do que alguém pode fazer por nós.
Já, mexer com o que não é bom dentro da gente, é o melhor que alguém pode fazer.

Porque nos desperta, mesmo que a dor para que depois o amor.


sábado, março 05, 2016

Ministério da Injustiça

Pilhas de folha são amontoados de história,
para alguns tristeza, para outros glória. 

Mortes cruéis, calúnia e difamação,
tanta gente machucada, enquanto você espera perdão.

Mil almas trabalham para manter a ordem, 
porém o que vejo é um caos enorme.

Passam pela porta crianças e suas mães sem esperança,
as gargantas pequenas exalam a dor da inquietança.

O malfeitor não sei se chora,
mas pesa em seu pulso a algema quase óssea. 

À facadas uma vida ele tirou,
tanta água salgada por sua culpa uma família derramou.

Mas ninguém perguntou ao malfeitor
quem era o cara que em sua frente a mãe matou.

O defensor falou: uma morte não anula a outra.
E o juiz replicou: uma coisa não anula a outra.


sexta-feira, dezembro 18, 2015

Como você enxergará?

O tempo passou rápido,
e eu o via arrastado.
Pra quê ter tanta pressa?
Se acalme, faça uma reza.

Não importa no que acredita,
apenas veja, a vida é bonita.
O que vier a ti, receba,
passe por cima.

Lágrimas caíram, 
a dor se fez presente,
mas agora estou tranquila,
pois vejo as coisas diferente.

Por mais que tudo
pareça passageiro...
Tão ligeiro... Olhe direito,
respire e sinta o  cheiro.

Tudo se desarrumou, 
mas não foi por acaso.
Se aconteceu, tinha um propósito, mas o preço...
Ah, esse foi caro.

Pois nada é de graça,
a gente conquista.
Sobre o ciclo do merecimento
devia existir uma revista.

A cor do céu é a mesma,
tanto aqui quanto lá.
Cada um enxerga de um jeito.
Como você enxergará?


terça-feira, dezembro 15, 2015

Quimera

Palavras quentes,
realidade vazia.
Do que adianta falar?
Se a verdade é fria.

Os amigos são vistos, 
até os desconhecidos.
Mas meu esforço continua a passar,
 despercebido.

No family, no friends.
Just me and my life in my hands.

No meu coração, 
não é vitimização o que existe.
Apenas preciso por pra fora,
o que em mim ainda resiste.

Implorar eu não posso,
que papel eu faria?
Mas se no fim tudo ficasse bem,
juro, eu pediria.

Todos erraram,
todos acertaram.
O que sobrou, no fim,
foram os sentimentos que se amarraram.

"Tudo bem?"
"Não!"
Uma resposta sincera.
Conversa que não cabe aqui
- na Terra -

São as palavras que deixo, quimera.