quinta-feira, novembro 17, 2016

Por que uma biblioteca?

Instituições de ensino, salas e mais salas,
cadeiras atrás de cadeiras, só vejo cabeças enfileiradas.
O que haveria de ser minha libertação,
ano após ano vem me trancando numa prisão.

Olho meu professor, carrega com ele o amor,
que tenta me passar através de suas palavras com tanto ardor.
Mas de que vale o educador,
se ele mesmo é explorado pelo sistema de ensino opressor?

Me ensinaram que a Europa é essencial,
disseram que a América é fundamental.
Passaram horas e horas tentando me convencer,
de que na história só é importante aquele que sabe vencer.

Em fotografias e pinturas projetaram pessoas
e exaltaram a pátria na qual elas residem.
Mas esqueceram de me contar que os indígenas de meu país
ainda existem, vivem e resistem (como podem).

Porém, quando olhei meus pulsos e vi a algema,
lembrei: a minha mente ainda é livre e plena.

Procurei um lugar para me servir de refúgio,
não foi o colo de meus pais.
Foram palavras de estranhos,
um tom absoluto.

Chegaram até mim,
como pequenas letras impressas.
E me perguntei:
por que uma biblioteca?

Aleatório? Fora de contexto?
Fuga do tema? Qual é o problema?
A tinta que à frente de meus olhos estava me despertou.
Escutei: Hey, menina, espera aí, ôu!

Já não aceitava mais aquilo que me diziam,
descobri que o conceito da palavra verdade não era aquilo que me cuspiam.
Hoje, agradeço ao professor, que de tanto me cobrar me libertou.
Não com a ordem, mas com o que ela provocou.

Estude! Leia! Prova! Atividade! Dormir mais tarde!

E meu coração: Calma, olha a alma.
Foca, mas não se sufoca.
Leia, mas não porque mandaram.
Leia, porque as ideias te enlaçaram.



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